Um dos índices que mais crescem no mundo é o número de acidentes de trânsito, sendo o Brasil um dos campeões neste quesito. Os acidentes quando acontecem colocam em risco a vida do próprio motorista, de outros motoristas, de passageiros, ciclistas, motociclistas e de pedestres.

Os acidentes causam, além das perdas humanas para os envolvidos nos acidentes, transtornos traumáticos em suas vítimas, nos amigos e familiares dos acidentados.

As causas deste preocupante número são na maioria das vezes, a embriaguez do motorista, o excesso de velocidade causado pelo excesso de confiança, a combinação perigosa do uso do celular enquanto dirige, o mal uso das setas de sinalização, a ausência de fiscalização eficaz dos agentes de transito e muitas vezes pelas condições precárias das rodovias, com relação ao estado de conservação, condições da sinalização, falta de acostamento e falta de passarelas para os pedestres.

Baseado nesta situação caótica, a ISO – International Organization for Standardization lançou em 2012 uma norma específica para tratar deste assunto, que foi emitida pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas em 2015, denominada ISO 39001, que estabelece os critérios para a implementação de uma Sistema de Gestão de Segurança Viária.

A Norma tem por objetivo a redução e eliminação das mortes e acidentes com lesões graves no trânsito em geral sendo aplicável à diversos tipos de organizações, sejam elas públicas ou privadas, englobando tanto o transporte de cargas quanto o de passageiros, além das empresas que são responsáveis pela operação e manutenção da infraestrutura das vias, como é o caso das concessionárias.

Esta norma pode ser aplicada sozinha ou de maneira integrada às outras normas já implementadas pelas empresas, como por exemplo as normas ISO (ISO 9001 – Qualidade, ISO 14001 – Meio Ambiente e ISO 45001 – Saúde e Segurança do Trabalho) ou o próprio SASSMAQ – Sistema de Avaliação de Segurança Saúde, Meio Ambiente e Qualidade – Módulo Rodoviário da ABIQUIM – Associação Brasileira da Industria Química.

A aplicação da norma gera efeitos positivos no controle e gestão das situações sob sua influência, ajudando a reduzir os custos relacionados a alta demanda de leitos hospitalares, das faltas relacionadas ao trabalho, das indenizações às vítimas e das perdas materiais que os acidentes geram, bem como com seguros.

Uma peça fundamental para a implementação da ISO 39001 pelas empresas é o engajamento das lideranças da empresa, principalmente da Alta Direção, que é  responsável pelo fornecimento dos recursos necessários para a implementação e manutenção dos requisitos da norma – financeiros, materiais, tecnológicos e humanos, além de demonstrar o comprometimento em acompanhar os dados necessários para o atingimento dos  resultados desejados.

Cabe a Alta Direção assegurar  que seja estabelecido o uso de veículos adequados à carga e em boas condições, com  programas de renovação/manutenção regular dos veículos da frota, bem como buscar as melhores tecnologias que realizem o  planejamento da viagem, bem como a identificação das distâncias percorridas, sempre pelas melhores opções de rotas, baseadas numa análise de risco.

É importante também assegurar a efetiva capacitação dos motoristas envolvidos, definindo-se regras claras de conduta na direção, além da exigência de aplicação de controles de velocidades seguras e jornadas de trabalho adequadas.

Outro fator importante é a análise do histórico dos acidentes, tratando-os como estatística útil para a redução dos riscos, bem como a aplicar uma sistemática para a resposta a acidentes e sua respectiva investigação, levando em consideração as interferências do clima, tipo de veículo, bem como o volume de produtos/serviços/pessoas transportadas.

A implementação da ISO 39001 pelas empresas é uma das formas mais eficazes de demonstrar o compromisso de uma organização com a segurança viária de seus colaboradores, de seus parceiros e demais pessoas que circulam pelas vias, bem como uma vantagem competitiva para as empresas que atuam no mercado do transporte rodoviário.

Por: Marcel Menezes