Ficamos reflexivos, cabisbaixos, tristes, chegando ao ponto de inconscientemente transformarmos um dia ensolarado em um dia cinzento e chuvoso. Agora, imagine que atrás de uma grande tragédia nasça a esperança de pessoas mobilizadas e mais conscientes, a luta por condições melhores no trabalho e salários dignos e principalmente a esperança e confiança resiliente e justa por dias melhores na Indústria da Moda.
A idéia foi motivada pela tragédia do edifício Rana Plaza, onde funcionava uma fábrica de tecidos, vitimando 1.138 pessoas e deixando mais de 2.000 feridas, em 24 de Abril de 2013, na capital Dahka-Bangladesh. O acidente ocorreu principalmente por um incêndio originado pela falta de manutenção predial nos requisitos de Saúde & Segurança, pela ausência de treinamentos para evacuação das pessoas e super ocupação de trabalhadores no local. Trocando em miúdos: “negligência humana”.

Em decorrência desta tragédia e como forma de repensar o consumo da moda, já em 3a Edição, nasceu o movimento “The Fashion Revolution” (Revolução da Moda) cujo foco foi trazer a reflexão sob as pautas da Transparência, Sustentabilidade e da Ética, levando em consideração toda cadeia de fornecedores, desde a produção do algodão ao descarte, iniciativa da ONG Fashion Revolution (www.fashionrevolution.org) sediada na cidade de Ashbourne no Reino Unido.

A organização possui como serviços principais, a chamada Fashion Revoluntion Week, com a base da campanha mundial #whomademyclothes,promovida mundialmente de 24 a 28 Abril, cuja proposta é abranger mais de 90 países e o Fashion Transparency Index Book de 2017, um relatório composto por 63 páginas cuja ementa compartilho com vocês, leitores.

Para 2017 o tema é Money, Fashion, Power (Dinheiro, Moda e Poder) e acontece em mais de 15 cidades brasileiras com diversas iniciativas e programações que você pode conferir em: http://fashionrevolution.org/country/brazil.

Ah! Se para mudança de atitude precisamos de conhecimento, vamos a ele!

Para a elaboração do relatório Fashion Transparency Index 2017 houve a elaboração de uma metodologia específica com a validação de especialistas de universidades, consultores e especialistas da Área de Sustentabilidade, no qual foram selecionadas as 100 maiores marcas mundiais.

Estas marcas responderam a um questionário auto explicativo, baseado no conceito de Transparência, ricamente desmembrado em 9 indicadores: comércio justo, igualdade de gêneros, meio ambiente, direitos humanos, etc.

O escopo do relatório abrange 5 temas propostos como: Políticas e Procedimentos, Governança, Rastreabilidade, Fornecedores/Impactos e Remediações e os chamados “spotlight issues’ que incluem modelo de negócio, liberdade associativa e salários justos.

Não, não é pouca coisa! E os temas são bem complexos!

O relatório buscou mapear e “hankear” as empresas que responderam ao questionário no que tange; a apresentação de suas políticas e procedimentos de Comunicação, boas práticas de Responsabilidade Social Corporativa, mecanismos de performance e monitoramento de riscos, impactos e remediação sobre direitos humanos, meio ambiente e terceirização de sua cadeia de fornecedores.

Das 100 empresas, 52 responderam ao questionário completo, sendo que muitas enviaram seus relatórios de sustentabilidade ou comunicação, relatórios de auditoria ou links do website para coleta de informações.

Vale ressaltar que muito além do conteúdo extremamente profundo e analítico aos leigos na temática, o book teve a proposta ser um Guia ativo de consulta e direcionamento a toda a cadeia do vestuário, através do seu índice “ O que você deve fazer com estas informações”, direcionado as ONGs, empresas, fornecedores, trabalhadores universidades e governos, além da generosidade para o download gratuito. http://fashionrevolution.org/faqs-fashiontransparency-index-2017/

Empresas do segmento não sabem por onde começar a pensar a pauta da Sustentabilidade?

Fica a indicação da leitura como um bom entendimento para a temática e parâmetros de tendências de consumo.

O que todo este conteúdo técnico tem a ver com você?

Provavelmente o algodão, matéria prima da roupa que você esteja usando neste exato momento, passando pelos processos de campo, tecelagem, costura e acabamento, muito provavelmente tenham vindo da mesma região da tragédia de Bangladesh ou de qualquer outro país asiático.

Não obstante, o seu canal de compra foi via direta ou indireta de alguma marca ou grande corporação citada neste Book.

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Produzido em 10/05/2017
Por Cintia Tunger